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Cadastro de Denúncias

Atrasos na remuneração de médicos, segundo o número de meses

(1)

e segundo o tipo de

vínculo

(2)

. Somente 81% dos denunciantes responderam com o tipo de vínculo.

A empresa estimou realizar o pagamen-

to em janeiro, mas Lucas desconfia. “Não

estou muito confiante. Acho que eu e os

colegas teremos de entrar na Justiça para

receber”, falou em entrevista. Lucas auto-

rizou a divulgação de seu nome.

Na cidade de Montes Claros, MG,

relatou-se que o Hospital Aroldo Touri-

nho não apresentou qualquer justificati-

va pelos seis meses atrasados dos médi-

cos que recebem como PJ, nem qualquer

previsão de pagamento. Em outra cida-

de do interior de Minas Gerais, os médi-

cos foram obrigados a rescindir o contra-

to para passarem a receber como PJ e a

conviver com atrasos de quatro meses.

Em nenhum desses casos foi autorizada

a divulgação do nome dos denunciantes.

Já em Sumaré, interior de São Pau-

lo, chegou o relato de atraso nos paga-

mentos dos médicos contratados como

PJ, desde agosto de 2016. Há 150 médicos

vivendo nessa situação, estima a entre-

vistada, que prefere ficar no anonimato.

Após acordo entre prefeitura, Ministério

Público do Trabalho (MPT) e sindicato,

houve o repasse para a administradora

Pró Saúde, que utilizou o valor para pagar

os funcionários CLT, mas não os médicos

terceirizados. A médica entrevistada se

afastou das atividades em dezembro,

pois não consegue conviver com isso.

Falta de condições de trabalho

também foi relatada, como ausência de

medicamentos, equipamentos, insumos

básicos, como gesso na traumatologia,

dentre outros.

Todos esses, porém, são apenas

exemplos, e as denúncias feitas, apenas

a ponta do

iceberg

. A AMB tem conheci-

mento de locais onde ocorrem atrasos

que não foram incluídos no cadastro, e,

em muitos casos, apenas um dos médi-

cos registrou a denúncia.

A vulnerabilidade e a insegurança,

geradas pelo atraso de salários e pela fal-

ta de vínculo empregatício seguro, asso-

ciadas às péssimas condições de trabalho

e às histórias de calotes que outros mé-

dicos viveram fora dos grandes centros

acabam afugentando esses profissionais

das cidades que se encontram mais afas-

tadas das regiões metropolitanas.

“OProgramaMaisMédicos conseguiu

proliferar falácias sobre as razões para

profissionais brasileiros não quererem

ir para o interior. O principal problema,

que é a insegurança trabalhista e jurídica,

nunca foi solucionado. Os médicos conti-

nuam nas mãos de prefeituras pobres ou

mal geridas e convivendo como fantasma

dos pagamentos atrasados”, comenta Flo-

rentino Cardoso,presidente da AMB.

O objetivo do Cadastro de Denúncias

é mapear melhor essa situação e ajudar

os médicos. A causa é sistêmica e precisa

ser tratada de forma global. Precisar os

números com uma base maior de denún-

cias permitirá comprovar que medidas

estruturais precisam ser feitas para atrair

e retermédicos no interior do Brasil e para

resolver os problemas de atraso nos salá-

rios daqueles que hoje atuam nos locais

denunciados.

Dentre as ações globais previstas

pela AMB, estão a denúncia ao Tribunal

de Contas da União e a Ação Judicial Co-

letiva Vinculante.

Faça a sua parte, denuncie: http://

amb.org.br/noticias/denuncie-irregulari-

dades-na-remuneracao-dos-medicos/

.

(1)

(2)

3% 3% 3% 14%

49%

34,8%

32,3%

15,4%

7,5%

10%

29%

1 mês

Sem vínculo

Concursado

de 2 a 3 meses

RPA

PJ

CLT

de 4 a 6 meses

de 7 a 9 meses

de 10 a 12 meses

Mais do que 12 meses

JANEIRO/FEVEREIRO 2

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JAMB

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