Cadastro de Denúncias
Médicos não precisam pagar
suas contas?
Celina Lopes
E
m novembro de 2016, teve gran-
de repercussão na mídia e nas
redes sociais o caso da médica
Elisangela Sivieiro, que fez greve de fome,
em Palmital, São Paulo. Ela e outros cinco
médicos estavam sendo obrigados, por
liminar judicial, a seguir trabalhando
para a Santa Casa de Misericórdia mes-
mo estando com mais de sete meses de
remuneração atrasada.
Diante deste e de outros casos que
já haviam chegado ao conhecimento da
Associação Médica Brasileira (AMB), a
entidade lançou uma campanha para
estimular médicos de todo o país que es-
tejam com rendimentos atrasados a de-
nunciar a situação, com o intuito de ma-
pear o que realmente está acontecendo.
O Cadastro de Denúncias vem trazen-
do à luz relatos de atraso emremunerações,
falta de contratos de trabalho, demissões
para contratação como pessoa jurídica (PJ),
falta de condições de trabalho, profissio-
nais demitidos sem o pagamento de atra-
sados e novos profissionais sendo contra-
tados, criando um círculo vicioso de novos
atrasos. “Hoje, nossa principal atuação é
conseguir aumentar a base de denúncias
para mapear melhor o que está acontecen-
do e aplicar as medidas necessárias para
corrigir tal distorção nas relações de traba-
lho com os médicos”, comenta Diogo Leite
Sampaio,diretordeComunicaçõesdaAMB.
As denúncias já recebidas abrangem
121 cidades do interior, 17 capitais de 21 es-
tados e oDistrito Federal.
Foram denunciadas 138 instituições
e 78% das denúncias apontam para atra-
sos de 2 a 6 meses, sendo o mais comum
os de 2 a 3 meses.
Além das irregularidades nos paga-
mentos, também foram alvo do cadastro
as irregularidades nas contratações, sen-
do 50% dos médicos pagos sem nenhum
tipo de vínculo ou por recibo de pagamen-
to autônomo (RPA), mesmo que a presta-
ção do serviço ocorra de forma regular.
Entrevistamos alguns médicos de-
nunciantes. A maioria prefere que seu
nome não seja citado. Alguns também
preferem omitir o caso e a cidade, temen-
do represálias.
Falam da dificuldade de receberem
respostas a respeito dos atrasos e da pre-
visão de pagamento. É o caso de Lucas
Otávio Lima Ricci, que realizava plantões
na unidade de pronto atendimento (UPA)
de Fazenda Grande, PR, e recebia por RPA.
Arte AMB
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JAMB
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JANEIRO/FEVEREIRO
2017