Previous Page  12 / 36 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 12 / 36 Next Page
Page Background

Cadastro de Denúncias

Médicos não precisam pagar

suas contas?

Celina Lopes

E

m novembro de 2016, teve gran-

de repercussão na mídia e nas

redes sociais o caso da médica

Elisangela Sivieiro, que fez greve de fome,

em Palmital, São Paulo. Ela e outros cinco

médicos estavam sendo obrigados, por

liminar judicial, a seguir trabalhando

para a Santa Casa de Misericórdia mes-

mo estando com mais de sete meses de

remuneração atrasada.

Diante deste e de outros casos que

já haviam chegado ao conhecimento da

Associação Médica Brasileira (AMB), a

entidade lançou uma campanha para

estimular médicos de todo o país que es-

tejam com rendimentos atrasados a de-

nunciar a situação, com o intuito de ma-

pear o que realmente está acontecendo.

O Cadastro de Denúncias vem trazen-

do à luz relatos de atraso emremunerações,

falta de contratos de trabalho, demissões

para contratação como pessoa jurídica (PJ),

falta de condições de trabalho, profissio-

nais demitidos sem o pagamento de atra-

sados e novos profissionais sendo contra-

tados, criando um círculo vicioso de novos

atrasos. “Hoje, nossa principal atuação é

conseguir aumentar a base de denúncias

para mapear melhor o que está acontecen-

do e aplicar as medidas necessárias para

corrigir tal distorção nas relações de traba-

lho com os médicos”, comenta Diogo Leite

Sampaio,diretordeComunicaçõesdaAMB.

As denúncias já recebidas abrangem

121 cidades do interior, 17 capitais de 21 es-

tados e oDistrito Federal.

Foram denunciadas 138 instituições

e 78% das denúncias apontam para atra-

sos de 2 a 6 meses, sendo o mais comum

os de 2 a 3 meses.

Além das irregularidades nos paga-

mentos, também foram alvo do cadastro

as irregularidades nas contratações, sen-

do 50% dos médicos pagos sem nenhum

tipo de vínculo ou por recibo de pagamen-

to autônomo (RPA), mesmo que a presta-

ção do serviço ocorra de forma regular.

Entrevistamos alguns médicos de-

nunciantes. A maioria prefere que seu

nome não seja citado. Alguns também

preferem omitir o caso e a cidade, temen-

do represálias.

Falam da dificuldade de receberem

respostas a respeito dos atrasos e da pre-

visão de pagamento. É o caso de Lucas

Otávio Lima Ricci, que realizava plantões

na unidade de pronto atendimento (UPA)

de Fazenda Grande, PR, e recebia por RPA.

Arte AMB

Acesse o conteúdo extra

usando o QR Code ou

acessando o link:

http://jambextra.amb.org.br/

10

JAMB

JANEIRO/FEVEREIRO

2017